A empregada dizia que os homens se agarram pela boca, a tia dizia que era pela cama.
Na altura, não entendeu uma nem outra. Mas aquela dualidade de opiniões esteve sempre a pairar na sua mente.
A empregada só teve um homem na vida e passava horas na cozinha; a tia quatro homens e, raras vezes, cozinhava.
Era pouco provável que soubessem como realmente se prendem os homens.
Maria Emília,durante anos, tirava o avental e punha o fio dental, punha o avental e tirava o fio dental.
Para uns cozinhava, para outros deitava-se em camas de motéis. Com o tempo percebeu que a mesa leva à cama, mas a cama não chega à mesa, termina num cinzeiro com a beata mal apagada.
De um modo ou de outro tudo se resume a alimento. Há quem viva para comer e há quem coma para viver. Depois há os excessos, as dietas, o jejum…
Ela não acredita na tese de que os homens se deixam prender por uma panela, por um par de ligas ou o diabo a quatro.
Acredita, sim, na tesão, seja com burka ou manjericão.
quequeàsextafeira
