poesia

Dream…Dream…Dream

O sonho é Meu. Fantasia ou toxicidade…o sonho é Meu. Nas asas da primavera, o Meu sonho, vai para onde eu quiser. Não sonhas, o Meu sonho, na tua direcção… Leva-me, soprado pelo vento quente da montanha. O Meu sonho, espelha-se no lago, espelha-se no teu espelho, espelha-se em mim. Mas, o sonho é só Meu. O homem que reconheço e o que não reconheço no sonho, é Meu. O incendiário, do Meu sonho, o fogo não apaga. O homem não foge, adormeço. A ponte rui…seguro-me nas penas, do Meu sonho. Egoísta; narcisista; possessivo; libidinoso; misterioso; complexo; límpido…o sonho é Meu. @quequesasextafeira

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Sonhos da Guerra

Eu, designaria o sonho como a capacidade de viver, 48 h, num dia. Os sonhos são fantasias ou desastres que acontecem enquanto dormimos. No contexto a que me refiro – Sonhar a Guerra.

Estes sonhos fazem com que a guerra, Israel -Hamas, seja também vivida dentro de nós. Onde fisicamente não estamos. Para nós, sonhadores da guerra, não é um lugar comum. Porém, quando mais a guerra se prolonga, mais os cenários e acontecimentos se tornam familiares. No nosso subconsciente ; o desejo; o medo; o sexo; o abandono; a frustração… surgem pelo meio da Guerra. Gostaríamos de salvar inocentes, de acabar com o genocídio! Mas, no sonho, estes desejos não são assim tão lineares. Nunca conseguimos vencer, salvar, vingar os inocentes. Atropelamos-nos, entre a nossa própria vida e os seus desígnios. Sem sairmos da cena da guerra, cada um de nós, é o núcleo do sonho. Pergunto-me, se nos momentos em que estamos acordados e concientes, não somos todos, um bocadinho, da Faixa de Gaza. É de ficar petrificado…será que os motivos para a maldade não estão nos sonhos? Talvez, a diferença esteja na “qualidade’ dos seres humanos: de querer combater o sonho, de se libertar dele; de o esquecer…e, numa outra noite, sonhar com outros elementos. No fundo, não estar sempre a pensar no mesmo, ter um espírito liberal, não ser extremista…

Será que em tempos de guerra aproveitamos a oportunidade para camuflar os nossos desejos, ainda mais, do que seria normal, nomeadamente os mais ocultos? Trazemos para o sonho: as pessoas que amamos; as que nos perturbam; as que queremos amar; as que queremos proteger; a falta ou excesso da libido; pessoas que não conseguimos identificar; lugares; comidas; etc.

As guerras, vão para lá da minha compreensão racional, emocional…Estas “coisas” armadas devem ter vindo de planetas,para lá do sistema solar. Ou começo a crer na reencarnação! Talvez pense demasiado nos problemas globais da actualidade, especificamente- as guerras Rússia-Ucrânia e Israel-Hamas. Mesmo que, cada um de nós, desse algo de si, não chegaria para fazer uma gota, no Oceano.

Penso. @quequesasextafeira

#erotismo, #paz, #tesao, Enamoramento, mar, poesia

Ouriço do mar

Quando o mar me invade, mais forte do que o estrondo que provoca na rocha, distrai-me. Leva-me para ondas nunca antes navegadas. Traz-me o silêncio e os seus aforismos. Não sei se quero ir ou ficar. Tanto faz dormir ou sonhar. Ele está no meu despertar, no meu poente, na tarde que me encosto ao mar. A majestosa gaivota passeia no muro mesmo à minha frente. Provoca-me. Põe a lua em leão. O coração foge-me para a maresia. És da família do mar. Do mar da Índia. Do meu mar… ondas se cruzam e cruzam e voltam a cruzar. Onde intercedo eu ? Talvez já tenha intercedido num segundo corajoso. Mas o meu relógio não é à prova de água. Nem eu sou à tua prova. Eu morro e renasço à sétima onda. A espuma acalenta o meu desejo. Bem podias ser um ouriço do mar…@quequeasextafeira

A espuma acalenta o meu desejo.

poesia

Limites

Se tu não tivesses limites…se tu fosses livre… levava a minha liberdade ao encontro da tua. És como folha de outono. Voas ao relento.Só me posso abrigar em ti…nos intervalos do vento.

Sou nascente, foz, afluente. Vou afogando os meus limites. Reinventando caminhos…não tenho pedrinhas a ensinar o destino. Navego entre os “eus” e “eles”. Sou livre de me perder a oriente. @quequesasextafeira

#erotismo, essência

Semi-nu

Vejo-te semi-nu entre a rede e o mar. Pareces a tua primeira vez. Impreparadamente preparado para ir à escola, ao treino, à faculdade, à tropa, ao primeiro encontro. Hoje não tens maquinista. Estás perfeito na tua eterna imperfeição. Assim, nem parece que não desmontaste a árvore de natal. Toda a vida testemunha. Sem tomar a iniciativa. Chegavas no segundo parágrafo da estória ou nem sequer chegavas! Da tua e da dos outros. O teu corpo, nesta suave transparência, parece tão pouco usado…transpiras inocência, mas dão-te por condenado. Parece que deixaste o cigarro apagado. A tua face tem um tom de outro lugar. Talvez não pertenças aqui. Por isso, és a tua primeira vez, entre a rede e o mar. @quequesasextafeira

A tua primeira vez.
África, Natal,África

Natal no bairro africano

Noite da consoada. É inverno no bairro. Frio, escuro, húmido, sombrio. Os putos brincam na rua. A escuridão da noite não lhes tira o brilho do olhar. O frio que se faz sentir não lhes enrigesse o sorriso. Roem maçãs pela rua, num mar de gargalhadas, danças e chutos na bola. Numa das casas do bairro (social) reúne-se a família, família da família, amigos que são família. Se o natal é apenas família, então, a prosa acaba aqui.

Mas há mais. Cores, cheiros, sabores que a memória guarda tão bem. No bairro sequer surge no imaginário. Há panelas grandes cheias de cachupa e cocada. Há água da torneira, cervejas e whisky barato. Mornas e saudades atravessam as paredes e o mar. Os putos felizes na rua.

É tudo diferente no condominio ali ao lado. Não é um continente que os separa. São muralhas de insensibilidade feitas gente indiferente.

Os putos do bairro não sabem a magia do natal: da cocacola; dos doces; dos presentes, da lareira; do presépio. Mas vivem uma realidade mágica. A liberdade de serem crianças. Feitas de tombos; cicatrizes; rotos; constipados; amarrotados; sem colo. Flhos de sobreviventes migratórios. No fim da Saudade, da Mãe Cesária, cantam Vida, Amor e Solidariedade. No bairro é que é Natal. @quequesasextafeira

A liberdade de serem crianças.
Enamoramento

Ossos de Cinturão

Faz-me companhia um passarinho. Na mesa tosca de carvalho envelhecido, ao meu lado. Por aqui, na serra, há mais pássaros do que árvores. Há um coro permanente do teu timbre medicinal. As árvores já não bailam. Agora apreciam… como te aprecio a ti. As quedas de água, saboreada, têm o teu odor. Caminhos de nêsperas, o teu corpo, Igual! Dois corações, paladar agridoce, ossos de Cinturão. Traz-me o teu olhar salgado, a brisa quente da montanha. -Passarinho, leva-me ao cume da montanha. quequeasextafeira

Passarinho, leva-me ao cume da montanha.

#destino, Amantes, Enamoramento, Sem categoria

O verbo que nos foge

O verbo que teima em não surgir… Sonho-te com vestes de sair por aí. Eventos e festivais. Encontramo-nos assiduamente. Pisando as pegadas um do outro, alternadamente. Há sempre pessoas em redor. Não nos deixam sequer ouvir o som do vento, do mar, da chuva. Assim, o verbo não tem ocasião. Trago o sabor da desilusão. Do que podia ter sido. Tão apaixonado verbo nos foge. Um verbo que não se defende, morre… autor@quequeasextafeira

PDI

PDI

O papel da entrada era verde e dourado decorado com renas. Tornava o espaço sóbrio e ao mesmo tempo alternativo. A idade permite–lhe viajar no calendário (de um ano civil). Os amores de Verão já só o levavam à lembrança do Algarve. À falta de libido, adrenalina, o Verão era passado na Serra da Estrela. Troca o namoro das gaivotas pelo poder da erva carqueja. Troca as mariscadas e as “broas” de imperiais por uma broa de pão de milho com queijo da Serra.

Aprecia o belo. Vomita o fútil. Já mal toca guitarra. Os chocalhos dos rebanhos soam mais prazerosos. A melodia é outra.

No inverno faz praia. Não há
barraquinhas para o deter. Primos eufóricos para jogar voleibol. Tias a questionar a boa forma física do passado. A praia não acaba com o verão. O gelo conserva melhor do que o sal.

Já não está para cenários femininos muito recambolescos. Preparados e tecidos pelo carnaval. Já fora a Las Vegas e Hollywood. Nessa época, delicia-se, é com um cesto de fruta fresca, de Torres Vedras.

Por vezes, navega entre o verde e o maduro. Tem a esperança de vida de uma bola de sabão. Asas de borboleta e rugir de leão. Não é só poesia. É Verso e PDI. Autor:quequeasextafeira