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Branqueamento de sentimentos I

Maria Emília tinha um vasto cadastro. Começou muito jovem no branqueamento de sentimentos e na fuga às emoções. Ao fim de um ano a mãe foi fazer queixa dela, como era menor, a penalização foi em regime aberto. Quando atingiu a maioridade, o seu comportamento piorou. Muitas vezes, sentia -se um trapo, mas tal como trapos são utilizados no fabrico de algum papel,também ela dava uma nova forma a algumas emoções. Sentia que caminhava sempre em cima de areias movediças. Para se libertar dessa falta de firmeza, embriagava-se. Raramente a vi passar mal ou perder a lembrança de tudo o que fazia nessas longas noites. No entanto bebia muito, misturava bebidas e “entornava” xots. Gostava muito de desafiar o destino chegando mesmo a pôr em risco a sua própria vida. Espantosamente era uma profissional bem sucedida e muito zelosa dos seus entes mais próximos .

Maria Emília teve tudo aquilo que qualquer jovem da sua idade sonhava ; um diploma, carro, casa, roupas, viagens, homens perdidamente apaixonados ( bonitos,elegantes, bem posicionados na vida) que tudo faziam ou deixavam de fazer por ela. Contudo, quando se envolvia e tudo parecia indicar um percurso de tranquilidade, felicidade, segurança…adoecia. Impossível o comum dos mortais entendê-la. Um dia, sem dizer nada a ninguém, conheceu um homem bonito, atraente, educado, maduro. Esse homem, conseguiu levá-la a olhar para dentro de si e a perceber como se maltratava. Durante anos, aguentou como resina, a vida infernal que aquele homem lhe fez. Os que a rodeavam reprovavam esta relação, excepto eu.

quequeasextafeira

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