Queria ter um coração corajoso e bailarino. Corajoso, para pedir que dances comigo. Bailarino, para acompanhar o teu passo. Quero que comandes o nosso ” ballet “. Que escolhas um palco na montanha virado para o lago. Não me podias ter levado para a mais bela montanha. Mas o meu olhar só se fixa no verde das tuas feições e no azul como sempre te vi. Tapas-me o céu e a montanha. Teu corpo parece uma árvore centenária que ainda aguenta mais um século, sem esforço. Podias não ser tão belo. Assim não me deixas apanhar uma papoila e ver o pôr do sol. Suavemente colocas a mão nas minhas costas para iniciarmos a dança. Fiquei tonta como quem anda às voltas até cair. Sentes o meu corpo leve e solto. Danças como se voasses ao lado de uma andorinha. Se o meu coração fosse corajoso, dizia-te que precisava do teu amor. Se fosse bailarino, dançava em teu redor como se fosses um varão.
Mas o meu coração é desajeitado para o amor e para a dança. Por outro lado, é suficientemente forte para fazeres de mim a perdiz que caças à distância apenas com uma bala. Peço-te para parares o baile senão eu nunca mais pararia.
A água que escorre da nascente para o lago é límpida, fresca e cristalina. Sugeres que bebamos daquela água. Se o meu coração fosse bailarino trazia-te a água à boca. Se fosse corajoso roubava-te um beijo, honestly.quequeasextafeira

