José Mário Branco, Sem categoria

José Mário Branco, o prazer é meu.

Um homem lunar que rasgou a alma através da música. Tendo tido a superioridade intelectual de perceber que a música, para além de uma arma, era o colo da Mãe. Um homem que se sentiu só na tentativa de mudar este retângulo, embora ouvisse bem os aplausos. Era de uma generosidade ímpar. Dava-se aos outros até ao último pingo de suor. Mas ele era um trinco de três trancas. Tinha medo do medo, da felicidade e da morte. Sensível, solidário, combatente, patriota, gentil, inconformado e triste. Parte hoje para longe de nós, com cantos de guitarra e flores vermelhas, como tantas vezes cantou. Quando finalmente podia descobrir o amor, morre precocemente. A travessia valeu a pena porque tocou em todos os corações com quem se cruzou, através da canção ou pessoalmente. Que agora na hora da morte, antes de descer à terra, colha finalmente o amor que semeou, entre os presentes e os ausentes.

José Mário Branco, cheguei no dia da sua partida, para o conhecer. Como vê, a si, a morte não lhe leva a vida. Escusava de ter tido tanto medo. Não, o prazer é todo meu. Vá em paz e que o Amor o acompanhe. Adeus. quequeasextafeira