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Pico, a montanha vulcânica (capítulo III)

Caminhamos em silêncio, saboreando as delícias da natureza, pelo caminho de terra vermelha. Só a cor da terra é suficiente para nos perdermos no caminho. É atracção, nudez, paixão, encantamento, fogo e força. Quase no fim do percurso quis dar um mergulho. O tempo não estava assim tão convidativo, mas não aguentava mais aquele arrepio fervilhante percorrendo-me o corpo, como gambiarras numa árvore de Natal. Pedes-me para não parar. Uns metros à frente, avisto o Porto Velho dos Baleeiros. Mais intrigada fiquei. Conhecia muito bem aquele porto. Entrámos num pequeno barco de pesca, velho e abandonado. O céu ainda tinha umas pinceladas laranja dos últimos raios de Sol. Observavas-me em silêncio. Já tinhas percebido que, no Pico, não se interrompe o pôr-do-sol. Pensava com os meus botões: a quantas bocas já teria aquele barco matado a fome, quantos sustos apanhara o pescador, quantas lágrimas deitara a mulher e os filhos. Interrompes os meus sombrios pensamentos dizendo que o barco era do vigia. Percebes que me sinto desconfortável. Sugeres darmos um mergulho. Despes-te num ápice, enquanto eu ainda só tinha aberto os quatro botões dos meus calções, aproveitados de uma velhas calças de ganga da Mustang. Estavas à minha espera. Lanço-te um olhar reprovador e tu respondes-me com um “ladies first”. Desarmas-me, embora soubesse que tinhas essa arte. E, quando só me faltava desapertar o soutien, aparece muito aflita a filha do octogenário, à sua procura. Pedes para irmos para casa e prometes-lhe trazer o Pai.

Vais direito aos Arcos do Cachorro, mas não sabias ao certo onde era. Corres atrás dos milhafres, cagarros, melro-preto… lá estava o velho vigia, sentado aos pés do rochedo do Cachorro, formado por lava solidificada. Mesmo sendo de noite, reviras os olhos de perplexidade perante tamanha obra da natureza. Abstrais-te completamente com o barulho das ondas a bater no rochedo. Não estavas a conseguir acompanhar o compasso daquela estrondosa batida do mar. O vigia considerou que já te podia interromper. -Fiz-te vir aqui para pôr à prova a tua lealdade. És merecedor deste lugar. Quando achares que desejas uma mulher por tudo o que ela representa, ama-a aqui. Regressaram em silêncio. O vigia, tinha-lhe pedido que, em circunstância alguma, revelasse o seu sítio, a ninguém. O velho vigia entra em casa sozinho e diz à filha para vir embora. – Mas o que se está a passar?, pergunto eu. Já a caminho da porta, sem se virar, diz-me que tinhas ficado na casa da senhora Dona Rosário. Sei que já me tinha dito muito, é de pouquíssimas falas. Saio a porta indignada, vou atirando a roupa para os rochedos e dou o mergulho há pouco falhado.

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No Pico, a montanha vulcânica ( capítulo II )

À hora do pôr-do-sol, deitei-me na minha rede. Para ver a noite cair, sentir na face o vento fresco da montanha, inspirar os mil cheiros da ilha, ouvir as novas composições melódicas que estão na “epiderme” do Pico. Neste cenário, a paz envolve-nos com tamanha segurança que chega a ser melhor do que o colo da Mãe. A tua presença sempre foi tão forte e constante, mesmo quando não sabia nada de ti, que cheguei a preferir a tua ausência. Aquele mergulho monumental e a tua escusa de ver comigo o pôr-do-sol, como se fosses pólen e vespa, fez-me desejar tanto um pote de mel, que era preferível ficar a sós. Na ilha do Pico não existe o conceito de pecador, senão toda ela era fruto de pecados excessivos. Cada um vive a sua vida sem interferir na dos outros. Não porque a vida seja muito agitada, pelo contrário, mas não há tempo que se queira desperdiçar com mundanices. Até era provável que nunca soubesse onde tinhas ido. Entre nós, não há perguntas nem justificações, senão lá se ia a mística toda da nossa relação. Deitei-me cedo, queria fugir da “boca” da noite. É sempre mais atrevida, provocadora, sexy, do que a “boca” do dia. Tinha pressa de dormir para ver se, no dia seguinte, a tua imagem ao mar tinha desaparecido do meu pensamento. Apaguei a vela e oiço-te entrar. Estremeci, não sabia o que fazer, apercebi-me de que não me tinha preparado para o teu regresso. No Pico é assim, não se antecipam cenários, vive- se o momento. Há uma espécie de áurea sobre ti que te faz crer na eternidade. Mas tu (ainda) não eras ” Pico” e isso fazia a diferença. Nem me deste tempo para mostrar o teu quarto e, agora, que fazia eu? Fui à janela e deitei-me imediatamente. Claro que ias perceber que só um quarto tinha a porta fechada, logo um dos outros dois era o teu. Acordei muito cedo, desci as escadas tranquilamente, como se as minhas socas não soubessem se davam um passo atrás ou dois à frente.

Chego à cozinha e reparo logo numa chávena pintada com pequenos malmequeres em cima da mesa. A pintura não era do velho guia de baleeiro. Percebi que tinhas ido passar o pôr-do-sol ao posto de vigia junto do octogenário artista. Pediste-lhe para te ensinar a pintar os malmequeres do meu vestido. Não contive a emoção, “abracei” a chávena, partia-a, claro! Como te ia aparecer… com cacos? Estava na mesa a tentar colar os pedaços, quando surges sorridente. Até me cortei fazendo um pequeno golpe no indicador. Pegas-me na mão, colocas o dedo na tua boca, fazendo pressão com os lábios. Senti-me a ser engolida pela caldeira do vulcão. Tive vontade de me cortar no resto do corpo. Não podias parar se não morria por falta de oxigénio no sangue. – O teu sangue palpitava! Disseste num tom desafiante. Encostas-te à parede a comer um figo. Pausadamente, vais-me dizendo que a chávena não tinha ficado perfeita e acabei por te fazer um favor. Já tinhas um bom motivo para perder o avião, tinhas de pintar uma nova chávena, com o velho guia, ao pôr-do-sol. Quando o sol já caía, mais para o lado de lá do mundo, dizes-me para calçar umas sandálias que me ias levar a um sítio que não conhecia. Devia estar doido, não havia canto na ilha que eu não conhecesse, ele é que era novo por estas bandas Agarrou-me na mão, puxando-a com firmeza e bateu a porta de casa.

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No Pico, a montanha vulcânica

Um dia vou convidar-te para uma prova de vinhos, em minha casa, na montanha vulcânica. É uma casinha feita de rochas basálticas, com portadas cor de cereja nas janelas. Tem um pátio de rochedos onde batem as ondas, formando duas piscinas naturais. É uma casa simples, mas confortável. Quando chegares, estarei na minha pequena biblioteca. Consegues avistar-me a alguns metros. Cada divisão tem duas janelas opostas, onde de imediato o teu olhar as atravessa e só pousa naquele tom de azul (sem significado literário) do mar. Não precisas de tirar os olhos do imenso oceano para me veres, como eu não preciso de olhar para trás para saber que és tu. Reconhecemos muito bem o perfume do corpo de cada um, sem nunca termos pecado.

Chegaste numa manhã quente e soalheira, embora se aproximasse o Outono. Não trazias bagagem (como te pedi), apenas uma mochila às costas e uma lata de conserva na mão, onde estava escrita a minha morada. Desci as escadas de madeira tosca, vestia um vestidinho com malmequeres minúsculos, bordados pela viúva de um baleeiro. Tinha-lhe pedido um vestido como quem vê nascer o Sol. Os picoenses têm uma sensibilidade que nos transcende. Só parei à tua frente. Esperei para ler o teu olhar para assim medir o tamanho do meu sorriso. Ainda me surpreendes. Estavas mais bonito do que nunca. A luz imbatível do Pico, salienta as tuas doces feições, a cor bronzeada da tua pele. Em cima da mesa, estavam duas chávenas e um bule, pintados com conteiras, a flor trazida por visitantes, dos Himalaiyas. Estavam tão perfeitas que pareciam reais. Eram feitas por um senhor octogenário, antigo vigia das baleias, ao pôr-do-sol. Só mais logo, quando o Sol se puser, é que vais perceber esta e outras artes exclusivas desta ilha. Dizia-te com entusiasmo e doçura enquanto caminhavas em direção ao mar, despindo a camisa, as calças, mergulhas como se fosses trincar um cachalote. Que visão tão perturbadora e assustadoramente erótica. Ainda estática, como se estivesse a sentir um sismo, dizes-me para não contar contigo para ver o pôr-do-sol, não ias estar em casa. Virei-me para não constatares a desilusão, a tristeza, a surpresa na minha cara.

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Açores, tão eu, tão tua

Qualquer adjectivo é demasiado vulgar para caracterizar o Arquipélago dos Açores. Estas ilhas no Atlântico despiram-me de tudo o que me envolve emocionalmente e do iPhone que comumente utilizo no bolso de trás. Este Arquipélago é único, não neste Mundo, num outro qualquer que desconhecemos. Os Açores são mesmo fora do sistema solar. Ninguém pode dizer que já lá esteve porque não “se está” nos Açores. Não é fado, é esoterismo, portanto só algumas (poucas) pessoas podem pertencer aos Açores. Ainda no ar percebo que o território não tem proprietários, não há parcelas que pertençam a algum ser humano. Quem toma conta das ilhas são as vacas. É como se fossem fiéis conselheiras da natureza, a Imperatriz de todas as ilhas. As vacas vivem à solta, numa tranquilidade inqualificável. Parece que percebem que estás de passagem, por isso, não se envolvem contigo. Imagina uma noite que te deitas com alguém que não conheces e nunca mais voltarás a ver. Assim é a postura das vacas açorianas. Ao contrário, a Imperatriz Natureza escolhe com quem se quer envolver. Se te sente emocionada, arrepiada, silenciosa, ensina-te a fazer amor com o olhar, uma carícia, um abraço, um sorriso, a sombra da presença de alguém, um suspiro. Entendi que há sonhos que só são realizáveis nas ilhas dos Açores.

O oceano é de um azul incomparável onde se deliciam baleias e golfinhos. O céu parece uma criança com as mãos cheias de tinta misturando cores. O vento é o maestro das flores e das folhas, cria um bailado irresistível. O Sol é mais belo quando se deita. Reflecte todo o seu esplendor pela paisagem, enquanto despe a sua roupa interior. Os odores, sons e sabores, multiplicam-se a cada passagem, mas não se atropelam. Entranham-se como se, até então, tivesses vivido sem sentidos. Até o silêncio tem uma melodia. Sabes que estás “na boca do lobo”, a qualquer momento pode haver um sismo, uma erupção. Contudo, nunca me senti tão segura na vida…tão eu, tão tua. O que não descobrires nos Açores, não descobrirás em mais nenhum lugar do Mundo.

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Tão Prostituta viagem

– Sim, eu vou. Respondi. Durante anos e anos, não sabia a pergunta, mas a resposta sempre esteve amordaçada na ponta da língua. Senti-me como se um “exército” de borboletas me estivesse a invadir. Precisava de um lugar para as fazer pousar. Fui para a beira rio e perguntei-lhe se o podia sobrevoar. Aconselhou-me a contemplar o pôr do sol e a viajar quando rompesse pela manhã. Dormi em Timor e acordei em Portugal. Não queria perder o Sol. À hora combinada, lá estava eu, fiz o check in e logo de seguida avistei-te. Sentei-me ao teu lado e assim permanecemos em silêncio. Aquele “sim” tinha uma estória tão intensa que qualquer outra palavra o fazia esfumar-se. Como já iamos no fogo, a respiração de cada um já nos deu muito trabalho.

No ar, território de todos e de ninguém, começámos a sentirmos-nos atropelados pela respiração do outro. Valeu-nos a aterragem e, finalmente, cumprimentámo-nos. A nossa viagem começava ali. Pela primeira vez, senti que não nos conheciamos. Qualquer viagem nos transforma, nos faz descobrir algo em nós que desconheciamos. Cada um faz a sua excursão interior. A bela cidade por descobrir pareceu-me mais familiar do que tu. Nem me senti como turista. Parecia que já tinha jantado ali contigo, numa esplanada, ao entardecer, um calor húmido, junto à ponte iluminada, duas taças de champanhe, uma soprano e três saxofonistas. Vivemos aqueles dias como duas orquídeas selvagens. Foi uma viagem tão prostituta…

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Sangue por Sangue

Ambos temos o sangue quente, para o bem e para o mal. Tanto aquece a alma como pinha que arde na lareira, quanto a reduz a cinzas como fogo que percorre a floresta. Não quero chocar contigo, como pedra riscada em pedro, fazendo faísca. Embora, a idéia me faça estremecer, sentir uma espécie de vibração parecida com aquela de entrada de mensagem no telemóvel. De ti já senti mais vezes o sangue que aquece e, ao de leve, o que chamusca (como vento que não despenteia). Se estivesse no fim da vida, “ateava” o sangue à primeira árvore, mas como não estou, deixo-o a fervilhar dos pés à cabeça. Proponho então “sangue por sangue”. Um copo para cada um, com vinho tinto até meio. Um exercício como o tango, eu comando os goles de vinho. Como não desejo uma transfusão do teu sangue, bebo como se o copo fosse um balão de soro, gota a gota. Só posso molhar os lábios mais do que isso, começo a ver azinheiras à minha volta. Tu sorris e bebes pequenas quantidades. Invejo-te e para também poder sentir o vinho a escorrer pela garganta, troco os copos. Ao primeiro trago sinto o risco de ser a área de mato. Perante o perigo, esvazio por mim abaixo a garrafa de vinho, faz-me parecer menos mal empregue. Tu reages com serenidade e assim começo a arrefecer. Peço a Baco que me dê tréguas e a Zeus que mande chuva. Feita a minha vontade, seguras-me delicadamente na mão e levas-me para debaixo da azinheira; encostados ao tronco, lado a lado, adormecemos a contar as gotas da chuva, que são sangue, vinho e pecado.

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Por ti até ao fim do Mundo

Há pessoas tão especiais na minha vida que fazem dela uma caminhada preciosa. Imagino aquele dia em Agosto… os sinos dobraram, o arco-íris ganhou mais uma cor, o brilho da Lua iluminou o Atlântico até ao Índico, os cravos brotaram, o elétrico passou mais devagar, o berço era o castelo, as varinas rapidamente esvaziaram a canastra, o ardina anunciava o nascimento de um leãozinho…o coração da tua Mãe acolheu todos os seres da Terra. Nesse dia, o Mundo ficou do tamanho de uma caixinha de cartão, e enquanto rodava saía uma melodia única que te embalava. Podia enumerar muitas qualidades tuas. Mas não, porque estás para lá disso, és único. És poema por terminar e prosa sem índice. Dás a volta ao Mundo com olhos verdes e uma gôndola… és amora e gengibre, ganga e caxemira, pedro e fogo, água e cana, luar e poente, azinheira e abacateiro, monte e falésia, deserto e Las Vegas.

O altruísmo é a maior qualidade do ser humano, tu tens, entre outras. Contudo, não te considero perfeito, como possa parecer. Não é benzida, mas transporta mais luz, transparência, verdade, amor, amizade, do que se fosse abençoada. Se lá puseres as coisas mais belas da vida, ela tocará só para ti e nunca estarás só. A caixinha precisava de um maestro, ninguém melhor do que tu para a encher de sonhos. Toda ela simboliza aquilo que te desejo hoje e para sempre!

Por ti até ao fim do Mundo…

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Agosto de finados (Uma sátira)

Agosto ou Janeiro, venha o diabo e escolha. Embora prefira o Sol e o calor, não é o bastante para suportar o mês de Agosto. Uma espécie de Arca de Noé, onde embarcam tudo e todos, de norte a sul do país. Mas hoje falo só dos emigrantes. As aldeias são temporariamente elevadas a vila. Os emigrantes, mais conhecidos por “avecs”, vêm agitar o quotidiano, com tiques de superioridade saloia, utilizando com frequência a língua de “l’amour” misturada com a língua da pátria. No tasco, na casa do povo, na praia fluvial… quando o caldo se entorna, vem todo o rosário de “asneirolas”, calão, de inspiração “três F”. Tal como nunca subiram à Torre Eiffel, também não se afastam muito da aldeia. Pintam e repintam a casa, trocam as louças sanitárias, sacodem os lençóis que tapam as mobílias e voltam a colocar. Recebem a família e os amigos no quintal pois em casa só entra o padre. Vão às festas na praça do coreto, comem torresmos, bebem o vinho do pipo, compram rifas, assistem com muita emoção aos concertos de músicos pimba. Pouco circulam com os carros, mas lavam-no, várias vezes, com a mangueira da casa, como se a nossa água fosse benta. Contudo, não limpam o pó à Nossa Senhora colada no tablier, ao crucifixo pendurado no espelho e à cadela Alsácia, pomposamente sentada no tampo da bagageira, não vá o Diabo tecê-las. Aproveitam para casar e batizar os filhos. Os homens trocam as mangas cavas por um fato herdado do tetaravô. As “madames e moiselles ” vão à feira da galinha e do piriquito comprar os vestidos. Escolhem modelos de cores tão brilhantes que até ferem a vista, não bastasse, com lantejoulas, folhos, laços, “pérolas” (da coleira do gato)…e o sapatinho de salto envernizado, que a caminhar mais parece que estão aflitinhas para fazer xixi. A boda, realizada normalmente numa sociedade recreativa, não tem miniaturas de salgados ou petit gateaux, é mesmo o que se chama de enfarta-brutos. Quando começa a tocar a banda, o momento alto da festa, já com os homens bêbados a falar de futebol e das francesas, elas dançam umas com as outras, numa animada galhofa, qual baile de debutantes! A pista abre ao som José Malhoa “apita o comboio” e termina com “Bacalhau à portuguesa” de Quim Barreiros. Na despedida, junto à fronteira, falam para a televisão, prometendo que para o ano há mais. Et vive les Tugas !

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Agosto é quando um homem quiser

Começo a perceber por que é que a ansiedade, pânico, angústia…e todas essas merdas emocionais não têm cura. Andam sempre a pairar, quais balões de fogo, acaba-se o gás, acaba-se a diversão. Sei muito bem que me acendes o fósforo e fazes como mais nenhum faria! Mas, isto de andar a reflectir, não é para mim. Não me interessa saber os motivos e as causas. Tu é que tens que perceber, aliás, como sempre fizeste! Agora, pores-me a fazer o trabalho sozinha, é isso que tu queres, é? Queres-me abandonar, deixar-me à minha sorte? Já fizeste coisas incríveis, já te deves ter superado, és o maior, não há duvida! Não te chega? Queres que olhe para trás, entre dedos e teclas? Sim, também houve coisas divinais, mas até essas, quero que se fod@#. De que é que isso me adianta? Eu quero é recuperar toda a tesão ou ainda mais do que aquela que já tive. É isso que eu quero de volta. Eu não estou morta para viver de tudo o que o vento levou!

Quero que me ajudes a ter outra vida, sim, de outro modo, claro! Bem basta a cegueira que me persegue. Quero que me ensines a viver como se o mundo acabasse amanhã, mas com a bagagem que nesta altura transporto, mesmo pagando o excesso. Se a vida não volta para trás, então retira aquilo que sabes que tenho de melhor. Orienta-me para a emoção de vida escaldante que corre nas veias, no vento, na azinheira. Não vou andar pela sombra, nem proteger-me do Sol. O padre diz-me para ir com Deus e tu pela sombra, tem exactamente o mesmo significado. A diferença é que o padre é hipócrita e tu não. Falas-me em protetores solares. Só lá para Setembro é que é provável que me “besunte”de proteção de gelatina, Lacrima Christi, claras em castelo… Quero que a chuva me molhe e o sol me queime. Deves ser fresco, deves…por isso é que mandas os outros para a sombra. Sabes, a determinada altura, da vida, Agosto, é quando um homem quiser.

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Um cravo pelos meus pensamentos Andas triste, estás triste e não encontras nada que te satisfaça. Não queres falar, não queres sair… Mas, enquanto o teu coração bate, há flores a brotar, rios a correr, animais a procriar, há o nascente, o poente… Sei que queres a paz do campo, apreciar o poente( saboreando um pão rústico com manteiga artesanal) e duas dúzias de cravos num copo de vinho. Lá por que nunca recebeste nem deste cravos a ninguém, experimenta! É esse o encanto da vida, procurar dentro de ti, outras formas de te sentires feliz, sem esperar nada dos outros. Queres partilhar, partilha! Neste caso, sabes que é como se nunca o tivesses feito, porque só tu conheces a emoção e o sentimento que os cravos gentilmente transportam. Nada é igual a nada. Os cravos só chegam a quem genuinamente os entende. É sexta-feira, tenho um craveiro à minha espera, numa água-furtada. quequeasextafeira