Recebi o teu convite para vires a minha casa. Se o fizesses de véspera não teria acordado. Esperaria na cama por ti… Ainda tinha tempo. Tomei um banho perfumado, de jasmim, e gel espumante, de leite de burra. Cada poro da minha pele foi infetado de perfume. Queria contagiar-te de meu corpo. A fragrância do jasmim agravava a minha ânsia. Os meus seios palpitavam. O vestido, da cor da Lagoa do Fogo, só tinha uma alça para se enfiar no pescoço. Fiquei com os ombros e o colo a nu. O decote fechava nas pregas dos seios. Pus um pequeno brinco, de prata, na orelha esquerda. Descalça e sem maquiagem. Estava pronta para os minutos que me desses de atenção. Podias ser areia, rocha ou pedro, sentia-me atraída por mim. Ouvi o som e não hesitei. Não se desperdiçam segundos de ti. Ao ver-te, ao ouvir-te, coloquei uns fios com missangas nos tornozelos. Fiz a dança do ventre para que te perdesses na leitura dos meus movimentos.
Os braços em movimentos de serpente, serpenteiam os teus cabelos. Já é outono no teu cabelo. Senti o tempo que passou ao tentar fazer-te um caracol com um fio de cabelo. Formidável…como a vida vai passando e caíndo entre os dedos da mão. Esta lembrança fez-me rasgar a cortina de seda transparente. Ousadamente envolvi-te numa espécie de teia. Entrei com beijos de alpinista enquanto fazias apneia. Quando nos encontrámos, olhos nos olhos, não resististe aos meus lábios, muito bem delineados e sem batom. E… Deixas cair a pauta e beijas-me sem Dó. Cada movimento das nossas bocas já não é preliminar. É amor que se faz. Nos lábios sentimos os orgasmos um do outro. São beijos do século passado. Fazes crer que o poder é da flor do jasmim. Concordo com a tua mentira. Quando vou olhar para ti fazes “Esc”. Assim, trepa a flor de jasmim em tempos de pandemia. quequeasextafeira









