#erotismo, #paz, #tesao, Enamoramento, mar, poesia

Ouriço do mar

Quando o mar me invade, mais forte do que o estrondo que provoca na rocha, distrai-me. Leva-me para ondas nunca antes navegadas. Traz-me o silêncio e os seus aforismos. Não sei se quero ir ou ficar. Tanto faz dormir ou sonhar. Ele está no meu despertar, no meu poente, na tarde que me encosto ao mar. A majestosa gaivota passeia no muro mesmo à minha frente. Provoca-me. Põe a lua em leão. O coração foge-me para a maresia. És da família do mar. Do mar da Índia. Do meu mar… ondas se cruzam e cruzam e voltam a cruzar. Onde intercedo eu ? Talvez já tenha intercedido num segundo corajoso. Mas o meu relógio não é à prova de água. Nem eu sou à tua prova. Eu morro e renasço à sétima onda. A espuma acalenta o meu desejo. Bem podias ser um ouriço do mar…@quequeasextafeira

A espuma acalenta o meu desejo.

#natal2020, #paz

Malinha vermelha de cartão

Prepara uma malinha vermelha de cartão. Transportava-a na infância com loicinhas de barro e alumínio. Restos de tecidos e uma boneca de plástico. Sempre que ía de férias ou para a casa da avó levava-a consigo. Uns anos depois, ali fora guardada a primeira carta de um rapaz. No envelope mal dobrado, numa folha arrancada do caderno lia-se : “Queres namorar comigo ? Diz sim ou não. Assinado. Pedro.” Foi enchendo a malinha de cartas; bilhetes; postais; papelinhos. A carta do Pedro ficara no fundo. Desfizera-se de todos os objectos menos daquela malinha.

Ía servir para um momento especial. Por isso, as cartas foram cuidadosamente guardadas, na gaveta dos biquínis. Era Outono. Um licor ía cair muito bem no seu encontro. A cantarolar “Got My Mind Set On You” tira do armário dois copos de chotes. Sente a cabeça à roda. Como se tivesse acabado de “entornar” três ou quatro copos. Old Times. Sorri. Enfia uns jeans, uma malha branca, calça umas sapatilhas brancas. Longe ía o tempo de perder três horas a arranjar-se para um encontro especial. Ri-se. Recorda o episódio da compra de uns sapatos de salto alto (caríssimos). Só os usou aquela vez. O salto era demasiado fino e comprido. Dá uma gargalhada.

A vida tinha-se tornado tão simples, tão leve, tão bela quanto a sua malinha vermelha de cartão. Põe protetor solar na cara, passa a escova no cabelo e pinta os lábios de um tom suave. Atira o telemóvel para o sofá. Ele nunca se atrasava. Abre a malinha. Põe tambem lá um chocolate. Um chocolate faz sempre um final feliz. Bateu a porta. Lá vai ela em direção à Azinheira. Na mão a malinha vermelha de cartão. Da boneca de plástico, da carta do Pedro, do presépio de natal. Autor quequeasextafeira

” sim ou não? ”

#paz, Amantes

Tropeçar e Amar

Os nossos passos podem fazer-nos tropeçar. Um passo nunca pode ser maior do que a perna. Fica a sensação que todo o caminho percorrido foi em vão, mas nunca é. Não é preciso dar um passo atrás, basta permaneceres um tempo no mesmo sítio. Não parece verbo, mas é. A vida não é um mapa. Não escolhemos onde queremos parar. Contudo, decidimos o caminho a tomar. Parar e retomar é sempre mais difícil. Parece que o sonho mais belo não volta mais. Não sabes responder ao que fazes ali. Na verdade, não precisas de perguntas. Sabes que ali é onde deves ficar. Há momentos, em que só nós podemos fazer algo por nós, mais ninguém. Não adianta querer saber o que é o Amor se não o reconheceres dentro de ti. Esta descoberta dói, fere, magoa. Nunca sara. O Amor é a ferida mais bonita que te podem oferecer. Agora, sim, continua a caminhar. quequeasextafeira

Parar para Amar